sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

É tudo a mesma meRdaaaaaaaaaaaaa...

Causa-me mal estar ouvir falásias matutinas... Estranho, mas sempre sinto essa sensação quando escuto certas asneiras... Tão insolentes que às vezes acho que é uma piada mal contada ou de tremendo mal gosto. Escolho o mal gosto porque me julga insensatez, ignorância, equívoco, confusão mental de quem as profere.Sei que estou errada porque muitas destas "piadas " das quais me refiro são alguns dos muitos discursos maldosos, tendenciosos, oportunistas, ou o que se queira chamar. Escutamos por aí muitas vezes... Tem uma carinha despretenciosa, só aparentemente... Perdoe-me os termos, mas é tudo a mesma MERDA! Um exemplo recente é o "desabafo" dos donos de bloco do carnaval de Salvador... Deus!!!! Causa-me náuseas! Só de pensar que tem gente que compartilha com esta opinião sinto até medo. A escravidão está a olhos nus no carnaval... Até cego enxerga! Esse sistema se reproduz as custas de muito suor, miséria e desemprego da população jovem de Salvador, das regiões metropolitanas, assim como de outros municípios baianos que buscam na festa "uma oportunidade" para sobrevivência. É o fim! A festa é um verdadeiro teatro do quem tem pode mais e quem não tem... é explorado até o último suspiro! A festa em Salvador já perdeu há muito tempo seu caratér popular, aqui quem curte é quem pode dá o maior lance da vez. Então não adianta reclamar... Até o eco é abafado! Trabalho sub-humano, meus caros não acabou porcaria nenhuma, o nome disso é escravidão! Os resquícios dela vemos todos os dias... ela nos é esfregada debaixo do nariz... quer dizer: Debaixo das marquizes, dos viadutos, nas ruas, nas esquinas, nos becos... Que banalizamos a paisagem e nada mais nos espanta! Jovens pobres, negros fazem parte das mazelas e escórias do cartão-postal de Salvador. Pode ser o Farol da Barra, o Pelourinho, a Praça da Sé, o carnaval, ou em qualquer lugar a paisagem ganha novos significados e moradores temporários ou permanentes... Então, o carnaval para mim é uma representação marcante desta exclusão! Até o essencial vira artigo de luxo e de reclames nas mãos dos empresários. Porque dá míseros trocados agregados a filtro solar, fone de ouvido, três litros de água e um pacote de biscoito para uma jornada de trabalho que vai muito além das oito horas de trabalho chegando as quatorze horas por dia... é o mínimo que se possa fazer por um cordeiro! Se é que seja admissível existir trabalho de cordeiro!!! Uma mão-de obra barata que vende a sua força segurando uma corda para uma pequena parcela de associados ( baianos e turistas) brincarem em espaços diferenciados e com regalias. O que relata-se é que essa força de trabalho não tem direito a nada... A mais-valia é alta para o "senhor grandão", porque até o suspiro pode ser descontado no final da sua diária. Mais-valia só vale para quem ganha, ou seja, os donos de bloco. E como " bons" moços que são, esses empreendedores, Tadinhos... perdem seus lucros com tais exigências. Dizem eles indignados: -não tem carro de apoio que resista a tamanha exigência da prefeitura; querem que façamos um milagre! E vocês acham que eles vão acatar? Eu tenho minhas dúvidas... e a festa continua... e quem não come que segure a corda e quem pode se sacode e ri a toa... e a escravidão se reproduz numa boa... com direito a "geração de renda" e investimentos para festa do povo. Que povo?
Texto: Soraia Monteiro.

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