Então é o seguinte, seu eu contar uma história sobre uma situação inusitada vocês vão rir? Vão rir mesmo? Verdade? Então tá, eu conto! Porque contos sobre situações adversas pode ter certeza que uma delas é uma autobiografia, entendeu? Pois, pois... Certa vez fazer cara de paisagem foi a coisa mais brilhante, que uma pessoa pôde pensar em curtos segundos. Então, pois pois... Era uma tal de olhar para o lado, para o outro, para cima, para baixo,assoviar, riso amarelo e palavras entrecortadas a voar para além, arriscando justificativas sem justificação e ninguém a se importar. Naquele momento, a explicação era a válvula de escape para tamanha vergonha que a falta de atenção provoca nas pessoas. Ponto cheio e o desespero começa, muita chuva, sons de buzinas desatadas a soar sem parar, carros apressados, elouquecidos conduzidos por motoristas desvairados, acreditados na pressa como condução mais rápida para seus caminhos; pedrestres molhados em pontos apertados disputando um pouco de espaço no ponto projetado para o verão europeu, ou melhor francês; e eis que surge aquela... A iena saltitande com seu guarda-chuva perambulante a brincar com a chuva. Não havia como esconder o sorriso, pois hoje, o dia, quer dizer a volta era de carona. Ela não conseguia esconder tamanha felicidade... Era demais para um dia de chuva... voltar com conforto de uma automóvel particular e de quebra uma companhia agradável, uma conversa fiada a mais para matar o tempo não é coisa ruim para ninguém. Era só esperar alguns minutos e pronto, lá estaria ela, confortável, aconchegante em um automóvel de passeio. Olhou para o relógio e avistou o carro, achou tão rápido a chegada que não quis saber de nada. Lá foi ela toda elegante de saltos, altos por sinal, arriscando os primeiros passos de mulher elegante, que quando acha que é gente fina... Já caiu do salto; antes fosse isso, a jovem moça começa a levantar os braços atordoados postando sinal sem obter resposta. Lá foi ela sem entender nada, insistiu novamente, pois o sinal de comando não estava resolvendo. O carro apressado não atendia seu chamado e ela com vai raiva a correr atrás do carro. Já estava até ensaiando uma boa bronca, mas foi lá abrir a porta do carro já com o olhar de compaixão pedindo perdão pela raiva desnecessária. Não poderia sentir tamanha agonia. Aproximou-se do carro ergueu as mãos para frente tentando abrir a porta e eis que surge uma mulher... de cara fechada e olhar penetrante, sem entender nada da tal maluquice que aquela mulher que se achava elegante prestava-se na frente carro,ou pior; na frente de um ponto de ônibus lotado a emanar uma sucessão de gargalhadas em uníssino em alto e bom som... era demais para um só dia... Coitadinha, lhe restou a cara de paisagem, que com grande talento e sem perder a elegância proferia sucessivas justificativas, culpando a cabeça, o dia-a-dia, a vida corrida, em detrimento dessa tal distração.
Texto: Soraia Monteiro
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